|SEIVA| Perfil: DJ Zek Picoteiro

Foto: Leandro Tocantins

Cabelos encaracolados, barba, sorriso forte. Vestindo uma camisa florida verde e preta, oscila entre a animação e a reflexão. Expressa dificuldades ao responder perguntas muito pessoais, principalmente no momento de pensar nos próprios hobbies. Ligado intimamente à música, Ezequias Ferreira Nascimento, 28, conhecido como DJ Zek Picoteiro nas noites de festa inundada de ritmos paraenses, reserva um momento para encontrar a Maniva.

A casa em que vive imprime uma característica do DJ e produtor cultural: a simplicidade. Sofá e mesa com equipamentos de som têm destaque no cômodo único sala/cozinha. Sentado no sofá, ele abre a caixinha de histórias da própria vida. “Os meus pais são meio peregrinos, assim, são missionários”, explica em meio a recordações. O percurso dos pais, paraenses e pastores na Igreja Evangélica, envolve diferentes locais, como Amapá e Goiás, estado em que Zek nasceu e permaneceu pelas primeiras duas semanas de vida.

As etapas da infância e adolescência foram vivenciadas em vários bairros periféricos de Belém com as músicas dos bregas marcantes soando e se alojando na memória afetiva. Festas de aparelhagem noturnas e o churrasco de domingo de vizinhos tocavam o repertório que influenciou a paixão pela música paraense e um pouco da lista de músicas que ele curte tocar na discotecagem. “Todo mundo que nasceu em Belém ou que cresceu em Belém cresce ou nasce de, alguma maneira, envolvido com a música”, afirma o artista.

“Todo mundo que nasceu em Belém ou que cresceu em Belém cresce ou nasce, de alguma maneira, envolvido com a música”

Em tom sério, ele revela as percepções sobre o ambiente religioso e fechado em que vivia. “A minha vivência sempre foi dentro da igreja, meus pais são pastores evangélicos, e então dentro da igreja a gente tá dentro de um muro”, confessa. É nesse momento que a entrada na Universidade Federal do Pará, como estudante de Publicidade e Propaganda, foi essencial para a ampliação de horizontes que ele passou. “Eu fui olhando para outras culturas e fui abrindo para esse diálogo com outras culturas”, explica.

A proximidade com o mundo da música não é a única. Com experiência de trabalho em uma produtora cultural e na Rede Cultura de Comunicação, ele é responsável pela comunicação da Lambateria, festa em que discoteca e que envolve os ritmos regionais de cumbia, brega e lambada. Desde “pegar no pesado”, carregando material na casa de festa, até montar listas, fazer material gráfico e visual. “Já são dois anos e meio que eu faço isso todas as quintas-feiras”, diz. A aproximação com o músico Félix Robatto veio a partir do convite para participar como DJ da Lambateria. “Então eu entrei como DJ, esse era o principal convite, mas também entrei para produzir, para fazer a comunicação”, completa Zek.

Envolvido na forte cena cultural paraense e próximo de artistas que efervescem a produção musical do Estado, Zek também tem proximidade com ícones da Comunicação Social, como o digital influencer paraense Petterson Farias. Os dois estudaram Publicidade e Propaganda juntos e o contato inicial foi durante a graduação. Nesse período, participaram do projeto Muvuca na Cumbuca, a Semana de Comunicação da UFPA. “É um contato que começou profissional e virou amizade para vida, a gente é muito amigo”, afirma. Hoje, vivendo entre a música e a comunicação, Zek trabalha com Petterson na Secretaria de Comunicação do Estado (SECOM).

Por trás do sorriso forte, da alegria e empolgação – presente nos vídeos instantâneos publicados nas redes sociais e nos momentos animados em que comanda as festas – surge Zek Nascimento. Mais fechado, introvertido, apreciador do nobre silêncio. Um final de semana livre? Ele aproveita para assistir um filme e pedir comida no delivery. “Eu acho que isso pode ser um sintoma de, sei lá, solidão também, mas isso é mais a cara do Zek Nascimento”, reflete. As duas personas são totalmente opostas, com essências que o fazem lembrar de duas pessoas importantes para ele: Eremita e Samuel.

“Eu acho que isso pode ser um sintoma de, sei lá, solidão também, mas isso é mais a cara do Zek Nascimento”

A mãe, Eremita Nascimento e o pai, Samuel Nascimento, são casados e apresentam personalidades entre extremos. Enquanto Samuel ama viajar, ama conhecer novas pessoas, ter conversas e convidá-las para um almoço ou um farto café da manhã, Eremita não gosta muito de receber visitas e é mais isolada. “Nunca tinha parado para pensar nisso, mas o Zek Picoteiro é mais o meu pai e o Zek Nascimento é mais a minha mãe”, comenta.

“Nunca tinha parado para pensar nisso, mas o Zek Picoteiro é mais o meu pai e o Zek Nascimento é mais a minha mãe”

É com toda a animação, do lado picoteiro, que ele estreia a cabine preta com o iluminado letreiro elétrico, em uma quinta-feira de novembro de 2018. Independente da lotação da pista, o corpo eletriza-se em meio a movimentos dançantes das misturas de ritmos tocados. Quem o vê lá no alto nem imagina a história por trás de Zek Picoteiro.

E aí, quer saber mais sobre a carreira do Dj Zek Picoteiro? É só assistir a entrevista abaixo


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