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Música, exposição de artes e flash tattoo: Primeira edição do Festival Independente Floresta Sonora proporciona essa fusão e fortalece a cena cultural paraense

Foto: Bruno Carashesti

Acordes da guitarrada de Lucas Estrela, ritmos amazônicos embutidos no som eletrônico de Uaná System, letras com forte expressão cantadas por vários artistas independentes, artes nas paredes e na pele. A Primeira edição do Festival Floresta Sonora, organizada pela galera do Casarão Floresta Sonora, lotou um dos maiores locais de festa, em Belém. A celebração é uma iniciativa independente do Casarão, que contou com a colaboração de artistas locais.

Reunir desde artistas independentes, como Bando Mastodontes, Inesita e Antônio de Oliveira até artistas paraenses de peso nacional, como Keila Gentil e Lucas Estrela, foi uma missão cumprida pelo Casarão. Os artistas se misturaram no palco em uma grande celebração musical e a missão foi atingida com a realização de uma economia solidária efetiva.

Lucas Estrela e Keila Gentil – Foto: Rodrigo Pinheiro

O Duo da banda Strobo, produtor e idealizador do Festival Floresta Sonora, Léo Chermont, explica que a primeira edição do Festival se tornou possível com a economia solidária efetiva, onde o Casarão trocou espaço e serviço da produtora pela presença dos artistas e apoio técnico.

Organizar um show para um artista, ceder o espaço do Casarão e gravar músicas são moedas de trocas reais. “São várias trocas de serviços que a gente tem a possibilidade por ter o espaço, por ter criado essa estrutura”, explica o idealizador. Por trás dessa força de fazer acontecer, tem muita história envolvida.

Léo Chermont – Foto: Leandro Tocantins

DE ONDE EBOLIU A IDEIA DO FESTIVAL?
Engana-se quem pensa que a ideia vem só da vontade de fazer acontecer. Inseridos no cenário musical paraense e colaborando na produção musical dos dois lados da moeda há três anos no Casarão, Léo Chermont e Dan Bordallo reabriram o espaço, que anteriormente existiu sob o comando de Léo. No início, a ideia era de experimentação e criação pessoal, mas existiu uma expansão inesperada. “Quando a gente viu, a gente começou a gravar muita gente, a gente começou a gravar artistas que a gente queria gravar, Pio Lobato, Lucas, Mastodontes, vários dessas gerações novas”, diz o produtor. Eles queriam que os artistas tocassem para o público e aí foram criados os Casarões Sessions.

Os produtores e artistas do espaço Casarão Floresta Sonora costumavam abrir as portas para o público curtir as gravações que rolavam aos domingos. No esquema de pague quanto quiser, era possível assistir as gravações de artistas destaques como Camila Honda, Natália Matos e Strobo. Cerca de 50 pessoas movimentavam o lugar e a necessidade de expansão era visível.

Criar um clima de diversão e comemoração, fazer uma noite de celebração da produção musical do Casarão, fortalecer a cena cultural e esquentar as produções são objetivos que fazem parte da ideia central Festival. “São vários desdobramentos do mesmo objetivo, que é cada vez mais fortalecer a cena cultural, cada vez mais esquentar as produções”, explica Léo Chermont. A partir do “boom” vivenciado pelo Casarão, foi possível conferir a primeira edição do Festival Floresta Sonora com participações inéditas em uma line-up que agitou a noite.

“São vários desdobramentos do mesmo objetivo, que é cada vez mais fortalecer a cena cultural, cada vez mais esquentar as produções”

LINE-UP AMAZÔNIDA, QUENTE E CATIVANTE
Com apresentação do músico Felipe Cordeiro e discotecagem de Renata Beckmann e Will Love, sete atrações da lista subiram ao palco. Todas com misturas de sons amazonidas. A cantora Inesita, junto a guitarra de Léo Chermont, abriu o Festival com as músicas do novo EP, o “Cinza”. Em sequência, Antônio de Oliveira fez uma participação especial inundada de expressividade.

Lucas Estrela soltou os acordes de guitarrada com a participação de Dan Bordallo no teclado. O resultado chamou atenção do brasiliense Guilherme Calixto. “Eu estou achando fantástica, uma mistura de Carimbó, uma música Brega, um Regional, eu estou curtindo bastante”, afirma o brasiliense durante o Festival. Logo depois, Estrela fez uma participação cheia de sincronia com Keila Gentil, ex participante do grupo Gang do Eletro.

Lucas Estrela e Dan Bordallo – Foto: Rodrigo Pinheiro

“Eu estou achando fantástica, uma mistura de Carimbó, uma música Brega, um Regional, eu estou curtindo bastante”

O clima eletrônico, com ritmos locais, como a cumbia e o carimbó e uma forte manifestação política visual no telão, foi intenso e característico do show dos DJ’s Waldo Squash e Luan Rodrigues, o duo conhecido como Uaná System. A sequência foi de Thais Badu no show com Uaná. As músicas da cantora carregavam letras fortes e de arrepiar sobre resistência.

Uaná System e Thais Badu – Fotos: Rodrigo Pinheiro e Bruno Carachesti

A última banda a participar do Festival Floresta Sonora foi a Bando Mastodontes. Os seis integrantes vestiam roupas associadas a identidade amazônida, com verde predominante, vozes potentes e instrumentos diversos para compor as músicas. O Bando é composto por artistas independentes que, assim como os outros, já passaram pelo Casarão. A professora de inglês paraense, Wanessa Nunes, foi especialmente para conferir o show do Mastodontes e fala sobre a visão que tem sobre o Festival. “É um grande incentivo para as bandas independentes de Belém e também acho que é uma oportunidade das outras pessoas conhecerem bandas que as vezes a gente nem conhece”, compartilha Wanessa Nunes.

Bando Mastodontes – Foto: Bruno Carachesti

“É um grande incentivo para as bandas independentes de Belém e também acho que é uma oportunidade das outras pessoas conhecerem bandas que as vezes a gente nem conhece”

EXPRESSÃO COM TINTA? TAMBÉM TEM
Em um local iluminado com luzes coloridas e sofá extenso, a exposição de artes coletiva estava presente. A exposição carregava quadros dos artistas visuais conhecidos como Bender, Bonikta e Kambô. Os três trabalhos eram cheios de cores e imagens que, de cara, lembram os traços de cada um deles. Os quadros de Kambô tinham imagens de indígenas, feitas em tintas neons, verde, azul e rosa, enquanto os quadros de Bonikta e Bender tinham elementos com estilo mais pessoais dos artistas.

Achou que acabou? Não, não. A galera podia curtir a música do festival, a exposição e ainda se tatuar lá mesmo. Além da exposição, Bonikta fez parte do flash tattoo com Bender. Os dois, no cantinho próximo a parede dos quadros, estavam disponíveis para atender e tatuar quem chegasse.

Bonikta diz como a experiência de participar do Festival colabora para a arte que ele produz. “É uma experiência legal, porque ele movimenta, mistura a música com a arte visual e aí faz a galera se movimentar para vim até aqui e aí poder ter uma oportunidade de expor com uma galera legal, expor com artistas legais, estar nesse meio, é muito interessante”, explica o artista.

“É uma experiência legal, porque ele movimenta, mistura a música com a arte visual e aí faz a galera se movimentar para vim até aqui e aí poder ter uma oportunidade de expor com uma galera legal, expor com artistas legais, estar nesse meio, é muito interessante”

Quadros de Bonikta – Foto: Paulo Favacho

O QUE INICIA HOJE, CONTINUA AMANHÃ!
A Primeira Edição do Festival Floresta Sonora contou com a participação de músicos e produtores de outros estados, como o Mancha, proprietário da Casa do Mancha e idealizador do festival Fora da Casinha, em São Paulo. Todos os apoios e participações foram bem-vindas. “Parece que já nasceu com muito amor”, conta Léo Chermont.

“Parece que já nasceu com muito amor”

O Casarão Floresta Sonora continua produzindo e fomentando a cena musical paraense. Apesar do show último show da noite, do Bando Mastodontes, ter sido interrompido por pedidos de autoridades em meio a justificativas de segurança, a primeira edição do festival foi só um gostinho do que ainda vem por aí. Léo Chermont afirma que pretende continuar com a produção do festival, trazendo mais shows inéditos e fortificando a cena cultural. “A gente tem que abraçar as pessoas e mostrar que tem uma condição de se viver justamente, dignamente, com música e com arte, no Brasil, em Belém e aproveitar que a gente tá longe de tudo e criar a nossa própria cara”, diz o produtor.

Quer conferir como foi o festival, o que a galera achou e as palavras do idealizador, Léo Chermont? Clica no play logo abaixo

Se você perdeu o festival ou ficou com saudade do dia e quer relembrar um pouco, confere a playlist que a Maniva criou. Lá, você encontra parte do repertório dessa edição e mais músicas dos artistas!

Mais fotos da primeira edição do Festival Floresta Sonora? Opa, tem sim! Confira logo abaixo

Fotos: Rodrigo Pinheiro e Bruno Carachesti

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